Por que será que eu amo tanto o livro "Coraline", do Neil Gaiman?


“Quando você tem medo e faz mesmo assim, isso é coragem.”

Por que será que eu gosto tanto de Coraline? Durante um tempo eu associei minha paixão aos elementos sombrios da animação e à personalidade curiosa e teimosa da pequena Coraline Jones, mas, na verdade, existe algo mais...

Coraline é muito parecida com a criança que eu era. Fantasiosa, de espírito livre e que conversava com animais (fossem de verdade ou não). A porta secreta que a menina encontra era algo que eu, no auge da minha infância, também esperava encontrar. Eu fazia roupas estranhas de lençol, pintava o rosto e as paredes com tinta guache, lia biografias de gente que eu nem conhecia e — obviamente — não entendia nada e, ainda por cima, eu comia sabão brincando de comidinha!



“– Gatos não têm nomes – disse.
– Não? – perguntou Coraline.
– Não – respondeu o gato. – Agora, vocês pessoas têm nomes. Isso é porque vocês não sabem quem vocês são. Nós sabemos quem somos, portanto não precisamos de nomes.”

E ái de quem dissesse que meu mundo mágico não era real! Eu era uma pobre plebeia que descobrira ser parte da realeza... Outras vezes eu era uma sereia fugindo de caçadores... Eu também tinha um navio pirata e meu mascote era um cachorro chamado Júlio César (eu tinha acabado de ler um livro sobre Cleópatra...).

Enfim, acho que toda criança tem um pouco de Coraline em si. A gente faz nosso próprio conto de fadas pra depositar ali a magia que o mundo não nos oferece. É por isso que eu amo essa história... Eu fico nostálgica... Eu fico querendo ser criança outra vez.

“Como é que algumas vezes, ao sermos afastados de algumas coisas, ficamos ainda mais próximos delas?”


Coraline, de Neil Gaiman, é uma história encantadora capaz de prender o leitor num outro mundo completamente mágico! O teor sombrio dos detalhes nos insere numa atmosfera de terror e mistérios e nos presenteia com uma reflexão importante: nada e nem ninguém é perfeito e aceitar é isso pode ser um grande desafio, mas ao mesmo tempo é libertador.

"– Porque ela me quer aqui - quis saber Coraline. – Porque ela me quer presa aqui com ela ?
– Acho que ela quer algo para amar – opinou o gato. – Algo que não seja ela mesma. Talvez também queira algo para comer. Com uma criatura daquelas nunca dá para saber ao certo."



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