De Volta Para Casa foi, até agora, a leitura mais surpreendente que fiz neste ano. À princípio achei que fosse um scifi, depois pensei numa fantasia, mas no decorrer das páginas encontrei um realismo mágico tão acolhedor que me inseriu dentro da história feito um filho que retorna à casa.
Nas primeiras páginas, De Volta Para Casa me remeteu às histórias das crianças trocadas do folclore europeu e logo depois trouxe um vislumbre de Alice in Wonderland. Lá pro finalzinho a própria narrativa ainda menciona Nárnia e mesmo com todas essas referências, Seanan McGuire criou uma história totalmente original, fantástica e poderosa.
"Isto aqui não é um sanatório e vocês não são loucos... Este mundo é implacável e cruel com aqueles que julgam estar minimamente fora das normas. (...) Vocês não percebem que devem a si mesmos um pouco de bondade?"
Ganhadora dos prêmios Nebula, Locus e Hugo Awards, a novela conta a história de Nancy, uma garota que desapareceu e da casa dos pais e foi parar — segundo ela — em um mundo novo e diferente onde ela encontrou a verdadeira felicidade. Nancy afirma que uma porta se abriu e, o atravessá-la, ela se viu num lugar que a acolhia e a compreendia como ninguém. Tempos depois, Nancy volta à casa dos pais e relata tudo que viveu. Preocupados com a sanidade da garota, os pais a colocam no Internato da senhora Eleanor West, e é lá que a magia acontece.
"A esperança machuca. É isso que você precisa aprender, e rápido, se não quiser que a esperança corte você dentro para fora. Esperança é uma coisa ruim. Esperança significa que você continua se prendendo a coisas que nunca mais serão as mesmas, e então você sangra um centímetro de cada vez, até que não tenha sobrado nada."
Eu não imaginei que esse livro, com menos de 200 páginas, fosse me trazer tanta reflexão! Toda a atmosfera mágica e surreal da ambientação salta através das páginas e minha vontade era mergulhar em cada mundo descrito, e conhecer de perto cada personagem apresentado. De Volta Para Casa pode parecer complexo num primeiro momento, mas é aí que está a graça da coisa, pois CADA LEITOR VAI INTERPRETAR ESSE LIVRO DA SUA MANEIRA. A lógica aqui não faz sentido algum. O real é algo que não existe. E esperança pode ser uma palavra feia.
Acho que eu me encontrei nessa história.
Acho que eu estou de volta.
Eu voltei pra casa.
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