Intrusos: 6 contos em quadrinhos de Adrian Tomine


Eu estava aqui pensando na vida e resolvi escrever sobre Intrusos. Pode parecer exagero dizer que essa graphic novel me deu uma dor no peito e uma ardência na boca do estômago, mas eu nunca soube conter muito bem as minhas emoções, principalmente quando se trata de uma leitura incômoda (no bom sentido) e reflexiva.

O primeiro trabalho de Adrian Tomine aqui no Brasil chegou pela Editora Nemo e trouxe um compilado de seis histórias distintas sobre pessoas diferentes, mas que se assemelham de alguma forma por abordar de forma crua e real a loucura e o desafio que é estar vivo. Publicado originalmente com o título "Killing and Dying" (Matando e Morrendo, em sua tradução literal para o português) Intrusos retrata as dores, os sonhos, as renúncias e as frustrações cujas quais todos nós estamos sujeitos a viver. 

Passeando por temas como solidão e relacionamentos abusivos, o traço e as cores frias se encaixam perfeitamente na aura melancólica, porém viva, de todos os personagens. Eu me senti - literalmente - uma intrusa observando de fora dramas pessoais e familiares, de mãos atadas e coração apertado, enquanto na mente o pensamento só afirmava que a vida realmente não é fácil, e que todos os dias estamos matando algo em nós para que possamos viver (ou fazer outra coisa viver). A grande questão é se isso vale a pena, e essa talvez seja uma pergunta sem resposta.

Refletir sobre a vida pode ser doloroso, mas a leitura de Intrusos transformou esse processo em algo prazeroso. Apesar da tristeza e do incômodo (positivo, ressalto mais uma vez) o quadrinho me ensinou algumas coisas, e essas lições eu quero levar pra vida toda.

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