RESENHA | Ecos, de Pam Muñoz Ryan



Toda vez que um livro fala sobre música, eu tenho a impressão de que ele fica gravado em mim de uma forma especial. Agora o que esperar - além de puro encantamento - de um livro que mistura música, conto de fada e as linhas do destino? Sensibilidade. Ambientado em três períodos diferentes, trazendo o cenário da guerra nazista, e narrado por três crianças diferentes, Ecos cria uma linha do tempo que se sobrepõe ao caos e fascina pela leveza, pela doçura e, também, pela tristeza.

PARTE UM | OUTUBRO DE 1933 - TROSSINGEN, ALEMANHA


Um garotinho chamado Friedrich precisa enfrentar o preconceito e o ideal de perfeição nazista que ameaça seus sonhos e compromete a união de sua família. Por outro lado, Friedrich tem o apoio e o amor incondicional de seu pai, que - através da música - ajuda o pequeno a se expressar e encontrar a paz.

"Ele olhou para o pai, incrédulo. Ele não iria para um hospício? Não teria que pensar no caminho mais seguro até a sala de aula? Nem se desviar da comida atirada nele durante o recreio? Ele não teria que decidir qual canto do pátio lhe traria mais proteção? O menino sorriu e as lágrimas escorreram por seu rosto. Papai cuidadosamente levantou Friedrich nos braços e o carregou."

PARTE DOIS | JUNHO DE 1935 - FILADÉLFIA, PENSILVÂNIA


Mike e o irmão mais novo, Frankie, vivem num lar para crianças desamparadas e esperam pelo dia que sejam adotados - mas com a condição de irem juntos para a mesma família. Lutando todos os dias contra o medo da separação e o constante sentimento de abandono, os dois irmãos encontram força na música para lidar com as triste realidade em que vivem.

Houve um momento, durante a leitura, que meu apego aos personagens era tanto e a importância que dois deles tiveram para mim foram tão profundas que eu não consegui segurar as lágrimas. A dura realidade do adeus, o medo do abandono, o sacrifício e o amor incondicional pela música fizeram meu coração desaguar.

É sobre o que as pessoas querem, mas não têm. Não importa o quanto você não tem, sempre há muito mais na vida para se ter... Vai sempre existir a mesma quantidade de 'talvez as coisas melhorem em breve...'

PARTE TRÊS | DEZEMBRO DE 1942 - CALIFÓRNIA, EUA


Ivy é uma garotinha de família mexicana com muito talento musical. E através da música que ela consegue reforçar laços familiares com um parente enviado à guerra. Além de todo sentimento que o livro carrega, Ecos é uma obra equilibrada. A leveza do conto de fadas, a sensibilidade dos personagens, a emoção e a tristeza de um cenário de guerra e a realidade da vida que, por vezes é dura, por outras nos prega peças divertidas.

A linha do destino é bem embaraçosa. A gente nunca sabe o que nos espera mais para a frente... Quem nos espera mais para a frente. Ecos me trouxe a sensação que eu não tinha já há bastante tempo, de que - talvez, só talvez - o destino já seja algo traçado na condição de que, se nos esforçarmos, se tivermos coragem e se nunca desistirmos dos nossos sonhos, coisas boas sempre nos alcançarão.

Música é uma linguagem universal. Uma espécie de religião universal. Com certeza é a minha religião. A música supera todas as distinções entre as pessoas.

Eu recomendo a leitura de Ecos e recomendo mais ainda que vocês ouçam as músicas que são citadas durante a história. Assim, além de especial, a experiência de leitura será excepcional!



Portanto, finalizo a resenha com um quote lindo e tocante que é do início do livro, mas que ficou comigo mesmo depois de eu virar a última página:

Ele tentou se amparar com as coisas que Papai sempre dizia: Um pé na frente do outro. Siga em frente. Ignore os ignorantes.

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1 Comentários

  1. Mulher, essa darklove não para, hein?
    Tô louca pra ler esse livro, viu? Amei a resenha, a capa do livro e a edição é mara e tô aqui curiosa!

    Beijo

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