Resenha: Mundo em Caos, de Patrick Ness


O primeiro volume da Série "Mundo em Caos" do Patrick Ness traz uma premissa muitíssimo interessante: uma infecção pós-apocalíptica matou todas as mulheres e, por algum motivo ainda desconhecido, fez com que os pensamentos de todos os homens pudessem ouvidos, ou seja, não existem mais mulheres e não existem mais segredos (será?). Mundo em Caos aborda o poder das nossas escolhas e até que ponto somos donos delas: um linha que cruza diretamente com as questões sociais  que vem sendo cada vez mais discutidas.

Todd Hewitt é o garoto mais jovem de Prentisstown, prestes a fazer treze anos ele espera pelo dia em que se tornará um "homem de verdade", mas algo no ar começa a ficar estranho. Todd acredita que não há segredos em Pretisstown, já que o pensamento de todos podem ser ouvidos, porém quando ele encontra uma garota silenciosa na floresta, ele começa a questionar tudo a sua volta. Seria Todd capaz de guardar esse segredo? E se mais pessoas já sabiam da existência da garota, como Todd não ficou sabendo também? E por quê ele não conseguia ouvir os pensamentos dela?

"O Ruído é o homem sem filtro, e, sem filtro, o homem é só caos em movimento".


Mundo em Caos é uma história envolvente que, desde a primeira página, a gente sente curiosidade pelo que está por vir. Toda a questão da dificuldade na comunicação é tão bem abordada  tanto na escrita do autor quanto na edição que tem um trabalho impecável da Editora Intrínseca  que o embaraço dos personagens faz parte de nós enquanto lemos; todavia, eu não fui tão cativada pelos personagens e, se por um lado a trama instiga pela premissa dos Ruídos, por outro lado a narrativa fica bastante presa no momento de fuga dos personagens e isso me causou um certo cansaço que, algumas vezes, beirou o desinteresse.

"A vida se resume a correr e talvez quando a gente parar de correr, saberá que a vida finalmente terminou.”

Ainda assim, Mundo em Caos tem seus pontos positivos no que diz respeito às críticas sociais quando aborda a dificuldade da convivência em grupo, a intolerância às diferenças, a crueldade e a sede de poder que corrompe o homem. Não é difícil imaginar as coisas terríveis que o ser humano é capaz de fazer para manter-se no controle... Sempre acreditei que o silenciamento daqueles que mantém o conhecimento fosse uma das primeiras armas numa guerra sobre poder e Mundo em Caos mostrou que eu não estava errada.


O primeiro livro da Série Mundo em Caos me trouxe sentimentos conflitantes: não amei, mas também não odiei. Recomendo a leitura, mas fica o aviso: Tenha em mente que o final pode ser um tanto corrido e que o desenvolvimento da história não vai entregar muita coisa. A grande revelação do fim não chegou a ser surpreendente para mim, mas tem um baita cliffhanger para o próximo volume da série.

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