Resenha: O casal que mora ao lado, de Shari Lapena


Pensem aí, vocês, num livro cheio de personagem desajustado, cheio de disse me disse, teorias por cima de teorias, palpites até o topo e um culpado que nos é enfiado goela abaixo! O casal que mora ao lado tem tudo isso e mais um pouco, mas, para mim, está bem longe de ser um livro ruim. Eu gosto mesmo é do auê!

A premissa é simples, mas o desenrolar dos acontecimentos joga o leitor em uma espiral de suposições. Um casal vai à casa ao lado para jantar com os vizinhos e, a pedido da anfitriã que não gosta de crianças, deixa a filha bebê em casa. Confiando quase cegamente na babá eletrônica e nas "olhadas" que davam na criança a cada 30 minutos, a noite poderia até ser agradável. Estaria tudo bem, no entanto, se a bebê não tivesse desaparecido misteriosamente alguns minutos depois de um dos pais ter ido olhá-la.

E agora, José? CADÊ A BEBÊ? Sentei, tomei um chá e me obriguei a não puxar os cabelos quando, a partir de um certo momento, o livro começou a me desesperar. E os personagens também começaram a enlouquecer.


O casal que mora ao lado me manteve de olhos arregalados até o final. A mãe da bebê é uma figura que parece ter saído de um livro da Paula Hawkins. E assim como nas histórias de Agatha Christie, os personagens parecem nos enganar o tempo todo. É difícil fazer uma resenha mais detalhada sobre um thriller de quase 300 páginas cujo foco principal é descobrir o paradeiro de uma bebê que já ocorre no primeiro capítulo. Há poucos personagens, pouco aprofundamento e pouca simpatia entre todos eles. Entretanto, a narrativa prende, o mistério instiga e Shari Lapena mostra que tem grande potencial.

O desfecho é satisfatório, mas senti falta daquele "EITA!" que acompanha as últimas linhas de um thriller... Na verdade, até teve um "EITA!", mas a construção de um determinado personagem dava as cartas para que algo do tipo acontecesse. Surpreendeu, não vou negar. Mas fiquei com a sensação de que podia ter surpreender um pouquinho mais.

Em algumas histórias, não existem heróis.

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