Resenha: A Guerra que Salvou a Minha Vida, de Kimberly Bradley

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que esse livro me tocou de uma forma muito especial. Esse livro me fez querer mudar a vida da Ada. Acho que eu nunca quis tanto que uma personagem tivesse a chance de ser feliz. Faz alguns dias que concluí a leitura mas a história não saiu de mim. Assim que virei a última página, abracei o livro e foi como se eu sentisse a Ada ali pertinho. Meu coração, que antes estava apertado, ficou quentinho. As lágrimas, no entanto, voltaram a escorrer. Mas eu estava feliz. Desde que a Ada também estivesse.

"Gente burra não tem a metade da sua coragem. Nem metade da sua força."

Ambientado em 1939, na época da Segunda Guerra Mundial quando Londres estava sendo bombardeada, algumas crianças precisaram deixar suas famílias e ir para um lar provisório até o fim da guerra. Ada e seu irmãozinho, Jamie, tiveram o mesmo destino, mas ninguém sabia que Ada também enfrentava uma guerra dentro de casa.

“Você não passa de uma desgraça!” Ela gritava. “Um monstro, com esse pé horrível!” Acha que eu quero que o mundo todo vendo a minha vergonha?”

Humilhada, trancafiada, desprezada e com o pezinho torto, a menina de supostamente 10 anos (ela não sabia quantos anos tinha) era maltratada pela mãe e nunca havia recebido nenhum tipo de carinho. Ada não sabia o que era grama, nem descarga, nem o significado da palavra "capaz". Mas ela era tão capaz... Capaz de tudo que ela quisesse.

"Se eu conseguisse andar, talvez a Mãe não sentisse tanta vergonha de mim. Talvez pudéssemos disfarçar o meu pé aleijado. Talvez eu pudesse sair de casa e ficar com meu irmão, ou pelo menos ir onde ele estivesse, caso precisasse de mim."

As duas crianças foram parar na casa da Susan, uma moça triste que, a princípio, não os queria pois se julgava incapaz de cuidar dos pequenos. Mas com o tempo, Susan foi irradiada pela luz de dois corações puros. Ada e Jamie finalmente passaram a ter um lar, refeições saudáveis, roupas limpas e banhos todos os dias. Mas nem tudo foi fácil. Ada evitava os abraços, se recusava a ser ajudada, se castigava, se maltratava... Na sua cabecinha, as bombas eram tão ruins quanto as surras que recebia da mãe. Ainda criança e longe de armas e explosivos, Ada já trazia no corpo e no coração as marcas da guerra que vivia em casa.

“Minha casa era uma prisão, eu mal suportava o calor, o silêncio e o vazio.”

"Fui caindo no sono, antes que a mãe retornasse. Enquanto adormecia, uma palavra me veio a mente. GUERRA. Enfim compreendi qual era a minha luta e por que eu guerreava . A mãe não fazia ideia da forte combatente que eu havia me tornado."

A Guerra que Salvou a Minha Vida é tão sensível que confesso estar escrevendo a resenha com os olhos marejados. Se tem algo que pode transformar vidas e  mudar o mundo, é o amor. Era de amor que Ada e Jamie precisavam. E quando tiveram, puderam finalmente viver em paz. Kimberly Bradley escreveu um dos livros mais lindos e importantes que eu já li. Eu indico a leitura pra todo mundo, sem exceção. Não importa o gênero literário que você mais gosta, A Guerra que Salvou a Minha Vida vai tocar o seu coração de uma forma ou de outra. 💖

"Eu tinha perguntado. Persistência era não desistir de tentar.”