Resenha: A Casa dos Pesadelos, de Marcos DeBrito


"Monstros são reais. Fantasmas também. Eles vivem dentro de nós e às vezes eles vencem." (Stephen King)

Quando era criança eu acreditava em monstros. Carrego na lembrança as histórias de terror que minha avó contava e as noites mal dormidas como consequência. Eu tinha medo do escuro e sempre me cobria até a cabeça na esperança inocente de que o lençol me protegeria das assombrações. Eu também tinha medo do fantasma debaixo da cama e prendia o xixi até não aguentar mais e correr em disparada ao banheiro acendendo todas as luzes na casa. Foi por isso que A Casa dos Pesadelos me prendeu tanto e rolou aquela nostalgia que conecta leitor e personagem. Eu também abri a porta proibida da casa e entrei.

A história começa com o desânimo de Tiago ao visitar - depois de dez anos - a casa de sua avó, juntamente com a mãe e o irmão mais novo, Bruno. Acontece que dez anos atrás, quando ainda era apenas um garoto, Tiago viu coisas assombrosas naquela casa. O trauma foi tanto que resultou em anos de sessões de terapia e a lembrança de um monstro que Tiago jamais foi capaz de esquecer.

De volta àquele lugar por insistência da mãe, Tiago percebe que a aura de terror e mistério ainda se faz presente e o monstro continua rondando o lugar. Dessa vez, porém, em busca de uma nova vítima: Bruno, seu irmão mais novo. Alguns traumas são difíceis de esquecer, imagine então, a dor de revivê-los?

A Casa dos Pesadelos tem uma narrativa simples que, a princípio, você pode pensar que já sabe como vai terminar. Eu pensei. No entanto, quando a trama vai se desenvolvendo a curiosidade grita e fica impossível parar antes de desvendar o mistério. O final foi uma rasteira que eu não estava esperando! Maravilhosamente construído, o desfecho justifica o início e o desenvolvimento do texto, levando o leitor a pensar sobre os limites da mente humana desde a perversidade até as consequências dos mais nobres atos.

“Não procure as lembranças que te incomodam só pra ficar remoendo os sentimentos ruins. Busque, ao menos, a recordação das coisas boas que esta casa deixou em você.”

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