Resenha: O Milagre, de Emma Donoghue


Emma Donoghue é a mesma autora de Quarto, livro que foi adaptado pra o cinema e rendeu um Oscar para a Brie Larson. Motivo suficiente pra chamar a minha atenção e ler algo da autora, certo? Certíssimo! Não li “Quarto” porque a temática me deixa desconfortável, mas O Milagre traz uma abordagem diferente: o poder destrutivo da religião.

Algumas pessoas se aproveitam da religião (seja ela qual for) para manipular, ganhar influência, dinheiro e benefícios. Agem de má fé, contradizem os escritos sagrados, se intitulam “aquele que foi escolhido” e semeiam a ignorância por onde passam. Mas isso a gente já sabe, né? Nada novo sob o sol. É por isso que em O Milagre a autora mescla religião x ciência de uma forma tão bem estruturada que é impossível parar de ler até saber que fim a história levou.

Irlanda, 1859. Anna é uma garotinha que há meses não se alimenta. O máximo que põe na boca são de 1 a 3 colheres de água. Segundo a menina e os familiares, ela se alimenta de Deus, das orações e da fé. Com o circular da notícia, Anna se torna um pequeno (pela estatura) milagre, e para comprovar a veracidade da história, uma enfermeira e uma freira são contratadas para vigiar a criança 24 horas por dia.


O Milagre é um ótimo livro! O mais interessante é que - ao meu ver - por mais cética que a enfermeira fosse, a crítica da moça recaía sobre as pessoas daquele lugar, à família da menina, que incentivava o comportamento de Anna e interpretava de forma deturpada (e literal) os escritos sagrados da religião que seguiam. Por outro lado, a presença da freira e a postura que ela manteve foram importantes para haver o equilíbrio e não condenar a religião no geral por uma parcela de pessoas ruins que fazem parte desse meio.

Eu recomendo muitíssimo a leitura de O Milagre pelo poder reflexivo que ela traz. A maldade não está somente fora ou dentro de lugares sagrados/religiosos. Ela reside onde existe o ser humano e suas más intenções.

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