Confissões do Crematório | um livro para quem planeja morrer um dia


“A morte guia todos os impulsos criativos e destrutivos que temos como seres humanos. Quanto mais perto chegamos de entendê-la, mais perto chegamos de entender a nós mesmos”.

Confissões do crematório é o primeiro livro de não-ficção da editora DarkSide Books e, como já era esperado, a leitura foi uma adorável surpresa. Escolhi lê-lo agora em Outubro para o Especial de Halloween com o intuito de falar sobre um medo que todos nós temos: o medo da morte

Caitlin Doughty narra como foi sua experiência de emprego, aos 23 anos, na Westwind Cremation & Burial, um dos maiores crematórios da Califórnia, nos Estados Unidos. De uma hora para outra lá estava ela, barbeando defuntos, cremando corpos... e refletindo, não sobre a vida, mas sobre como os vivos encaram (ou melhor dizendo, preferem não encarar) a morte.
“Embora você possa nunca ter ido a um enterro, dois humanos do planeta morrem por segundo. Oito no tempo que você levou para ler essa frase. Agora, estamos em quatorze.”


Caitlin nos convida a fazer um passeio pela própria vida dela e nos conduz às suas experiências com a morte, desde criança - quando sofreu um episódio traumático - até sua fase adulta. O passeio é divertido, a narrativa é gostosa e Caitlin é bem humorada, inteligente e tem um dom de falar sobre a morte de uma maneira simples, direta e, até mesmo, informativa.
“Olhar diretamente nos olhos da mortalidade não é fácil. Para evitar isso, nós escolhemos continuar vendados, no escuro em relação às realidades da morte. No entanto, a ignorância não é uma benção — é só um tipo mais profundo de pavor”. 


Uma das coisas que mais gostei no livro, fora as aventuras inusitadas de Caitlin no crematório, foi o ar de sabedoria que ela transmitiu. Com um humor irônico e muito conhecimento, Caitlin desvenda rituais e mistérios de povos antigos sobre a morte destrinchando o lado sombrio da coisa e mostrando que não há motivos para não falar sobre o assunto, pois vai acontecer com você, comigo, e está acontecendo agora mesmo no mundo inteiro.



Também é preciso ressaltar que ela escreve sobre como o ser humano lucra com a morte. Muito dinheiro está incluso no faturamento da "indústria da morte" e, sem rodeiros nem sentimentalismos, Caitlin nos mostra esse lado da coisa. Talvez, o verdadeiro lado sombrio da coisa, uma vez que práticas abusivas também acontecem nesse meio. Já parou pra pensar que é bem mais fácil lidar com um corpo morto do que um corpo exalando vivacidade?
“Podemos nos esforçar para jogar a morte para escanteio, guardando cadáveres atrás de portas de aço inoxidável e enfiando os dentes e moribundos em quartos de hospital. Escondemos a morte com tanta habilidade que quase daria para acreditar que somos a primeira geração de imortais. Mas não somos. Vamos todos morrer e sabemos disso. ”


Confissões do Crematório é um livro muito bom. Excelente leitura para quem curte histórias de morbidez, para quem tem curiosidade sobre o assunto e, também, para quem tem medo da morte. Esse livro vai te fazer encarar a temida mortalidade de uma outra maneira. É uma leitura que eu indico para todo mundo, afinal, todo mundo vai morrer um dia, não é mesmo?



> Caitlin Doughty é agente funerária, escritora e tem um canal no YouTube onde fala sobre coisas mórbidas e suas experiências com muito bom humor. Clique aqui para se inscrever e não perder as novidades.

Conheça outros títulos da DarkSide Books: www.darksidebooks.com.br


Sinopse: Ainda jovem, Caitlin conseguiu emprego em um crematório na Califórnia e aprendeu muito mais do que imaginava barbeando cadáveres e preparando corpos para a incineração. A exposição constante à morte mudou completamente sua forma de encarar a vida e a levou a escrever um livro diferente de tudo o que você já leu sobre o assunto. Confissões do Crematório reúne histórias reais do dia-a-dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos filosóficos, históricos e mitológicos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, ela desmistifica a morte para si e para seus leitores. O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira inteligente, honesta e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma bênção, é apenas uma forma profunda de terror”.


Bjs trevosos e até a próxima! <3

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4 Comentários

  1. Tô louca pra ler.
    Tava nem aí pra lançamentos da DS e eu fui em um evento que eles fizeram em SP, aí apresentaram os futuros lançamentos... Quando o Jesus começou a explicar do Confissões, até me senti no papel da escritora! Pq em algumas profissões, só quem tá dentro da pra saber o que realmente rola!
    A Bela, não a Fera | Youtube A Bela, não a Fera | Fã Page no Facebook

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  2. Faz um tempo que eu tenho visto a capa desse livro por aí mas ainda não tinha parado para saber sobre o que era o livro já que essa capa não chamou minha atenção mas agora eu estou bastante interessada! Gosto de ler e conversar sobre assuntos não tão comentados e muita gente evita falar da morte, então eu preciso ler esse livro! hahaha
    Adorei as fotos ♥

    Epílogo em Branco

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  3. Nossa Jess, não fazia ideia que esse livro tratava-se desse assunto. Bom, imaginei algo com morte mas não necessariamente algo realmente real e chegando nessas outras 'camadas' da morte. Achei super interessante sua resenha e me deixou bem curiosa para ler. Antes de ver qualquer coisa sobre ele já havia visto sua capa em outros locais e fiquei apaixonada já! É complicado né, a gente não faz ideia de muita coisa até passar, no caso do livro, conviver com o assunto, com as pessoas, tem muito mais coisas sob o pano. Adorei a resenha! Beijos linda!

    Metamorphya•••

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  4. Morte é um assunto que queremos evitar, mas que no final é a nosso única certeza, né? Fiquei curiosa para ler essa primeira obra de não-ficção da darkside, o trabalho que eles fazem é sensacional, cada edição mais linda do que a outra, né? Não sei se encararia um tipo de emprego como esse - provavelmente não- mas fiquei super curiosa para conferir as experiências de vida (e morte) da autora`! :) Beijos!

    Colorindo Nuvens

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