Resenha: Horror na Colina de Darrington, de Marcus Barcelos



"Calculei que onze anos eram o suficiente para deixar as coisas esfriarem. Até porque o rapaz que sentia medo morreu há pelo menos cinco. E hoje, aos vinte e oito anos, faz pelo menos onze que não tenho uma vida. Apenas respiro."

Benjamin está no Sanatório do Condado de Borough e finalmente decidiu falar sobre o que aconteceu de enlouquecedor na casa dos tios, na Colina de Darrington. O livro já começa direto ao ponto, com Ben fazendo um resumo sobre si mesmo, a ausência de seus pais e a descoberta dos tios. Assim, ele vai para a casa desses parentes passar uma temporada enquanto o tio sai de viagem e ele fica como cuidador da tia - que está acamada - e de Carla, a prima pequena. É a partir daqui que o terror começa.

“E assim, fui para South Hampton esperando tranqüilos dias de descanso. Eu não poderia estar mais enganado."

A primeira cena de Ben na casa da colina me pegou de surpresa pois os eventos sobrenaturais não fazem cerimônia e aparecem sem pedir licença. A história se desenvolve rapidamente sem nenhuma abertura para "enrolação" e me causou uma sensação de alerta porque a qualquer momento coisas assustadoras poderiam acontecer. Imagine só você acordar de madrugada pra beber água e dar de cara com uma mulher pendurada pelo pescoço!


“Eu me levantei com uma forte dor de cabeça e só então pude ver onde estava. O ambiente destruído e sujo de sangue, o fedor de carne podre e de fogo pairando no ar e o frio intenso ativaram a minha memória. Eu estava de volta ao inferno. Mas por que?”

Horror na Colina de Darrington me surpreendeu. Eu imaginei que a história giraria em torno da casa mal assombrada, mas ela fica em segundo plano quando outros elementos do terror entram em cena e assumem o tema principal. Teorias da conspiração, rituais, invocação, ganancia desmedida e sede de poder são os elementos que compõem o livro e remetem à uma velha frase que eu sempre ouço da minha mãe: a gente tem que ter medo de quem tá vivo, e não de quem tá morto. Gostei do autor ter trabalhado, mesmo que de forma rápida, a natureza humana e seus instintos mais cruéis, pois deu um tom de veracidade aos fatos, principalmente pela presença de depoimentos, registros de gravações e documentos sobre uma investigação dentro da narrativa.

"E com todo o ódio que me consumia, enterrei o machado em seu crânio, quebrando-o, produzindo um som oco e espalhando por todo o assoalho pedaços do seu cérebro doentio."

O livro é curto e eu li as 144 páginas em pouco mais de 24 horas. Na Nota do Autor, Marcus Barcelos escreveu que Horror na Colina de Darrington é uma história curta propositalmente e, segundo ele, a intenção era escrever no estilo "pulp" (narrativa em que a cena se sobrepõe ao enredo, como se o leitor estivesse assistindo a um filme e entrasse em cena); ele ainda ressalta que o livro é sem rodeios como a realidade costuma ser. Assumidamente inspirado por Stephen King e Edgar Allan Poe, Marcus Barcelos é um nome que merece destaque positivo no terror nacional.


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2 Comentários

  1. Ai gente!!! Fiz boa compra então, gostei de seu comentário sobre o livro, ainda não li, mas já fiquei com vontade de começar!

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    1. Oi, Ane!! Tudo bem? Que bom que gostou da minha opinião sobre o livro! Eu fico muito feliz mesmo ;) Esse livro é uma ótima pedida pra quem gosta de um terrorzinho bacana, e por ser nacional, é melhor ainda. Vou torcer aqui pra você curtir muito a leitura. Beijos <3

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